ESTRÉIA DIA 24 DE NOVEMBRO O FILME SOBRE A VIDA DA MAIOR CANTORA DO BRASIL, ELIS REGINA.

“Elis”

Quando o carro de bombeiros passou pela ponte do Morumbi vi pessoas aplaudindo a artista que foi Elis Regina. Eu tinha 16 anos. Os bombeiros levavam o corpo daquela que foi uma das maiores cantoras brasileiras e que nos deixou órfãos quando partiu. O mundo musical sem Elis Regina ficou mais pobre, mais chato, mais mesmice. O filme de Hugo Prata retrata a vida da Elis desde 1964, quando chega ao Rio de Janeiro acompanhada do pai (ZeCarlos Machado) buscando um lugar ao sol.
Andrea Horta, a atriz que interpreta a cantora, brilha. Dona de um trabalho minucioso e rico Andrea às vezes se confunde com a própria Elis Regina. Lembro das cenas do “Ensaio” (TV Cultura) e das performances que eu via na televisão. Andrea se travestiu por dentro e por fora. Lógico que ela não canta, mas quem poderia cantar com Elis ?
Julio Andrade faz um dos melhores amigos, Leni Dale. Caco Ciocler é um contido e tímido César Camargo Mariano e Gustavo Machado um carioca debochado como Ronaldo Bôscoli deveria ser.
Se o filme peca em ser exageradamente “certinho”, ganha no talento de Horta.Só ela já valeu a sessão.
O longa vai na ordem cronológica enquanto mostra uma artista nascendo e se descobrindo. E mesmo ao final, quando se espera que a morte seja abordada, Prata foi leve. Pincelou uma Elis infeliz e depressiva. Cansada de agradar os outros, angustiada com o sentido da vida e com o que havia feito com a sua, desejosa de mudanças, novidades e em busca do eu interior que ficou adormecido enquanto soltava a voz com a alma cheia de emoção e energia.
O longa é um recorte de momentos da vida da cantora mas não se interessa em se aprofundar no momento histórico e político do país (dá apenas pinceladas dos anos duros da ditadura).Talvez a idéia tenha sido mesmo essa. A de abrir uma revista com fatos conhecidos e mostra-los em sequência lógica com uma produção impecável.
“Elis” pode deixar a desejar nesse sentido. Mas não decepciona os que querem matar a saudades da pimentinha.
Enfim, o filme de Hugo Prata mostra uma Elis Regina sem o desequilíbrio que a levou à morte e pode ser prejudicado por essa falta de intensidade.

Bom final de semana !

(stella.domenico@hotmail.com)

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