Documento com sugestão de medicamentos foi entregue à Secretaria de Saúde e inclui hidroxicloroquina e ivermectina

 

 

Um grupo com 478 médicos da rede pública e privada do Distrito Federal se reuniu para elaborar e propor um protocolo de tratamento precoce de pacientes infectados pelo novo coronavírus. Na lista de medicamentos a serem ofertados aos doentes está a hidroxicloroquina, além do vermífugo ivermectina e do antibiótico azitromicina.

 

“Temos medicações que estão disponíveis, são de baixo custo, baixa toxicidade e que podem ser prescritas pelos médicos no primeiro estágio da Covid-19 para diminuir a replicação viral. É claro que todos nós gostaríamos de trabalhar com base em estudos científicos sólidos. Mas vivemos uma situação atípica, de guerra. O novo coronavírus não está na bula, porque ele não existia quando os medicamentos foram criados”, explica a otorrinolaringologista Carine Petry, uma das integrantes do grupo.

Os médicos do coletivo defendem que os remédios sejam oferecidos aos pacientes nos postos de saúde. “As pessoas precisam saber que há opções. É possível enfrentar o coronavírus com medicação e não só esperar uma cura espontânea ou o agravamento da doença e a posterior internação em UTI”, opina a médica.

 

Para os integrantes do grupo, o tratamento precoce pode evitar o colapso da rede pública do Distrito Federal ao diminuir a necessidade de internação dos pacientes infectados pela Covid-19. O documento com sugestões foi entregue à Secretaria de Saúde e está sob análise.

O protocolo criado pelo grupo, que reúne médicos de hospitais públicos regionais e de unidades particulares, orienta a prescrição dos medicamentos tão logo o paciente apresentar sinais da doença. “O início do tratamento precoce deve ser baseado no diagnóstico clínico, ou seja, na manifestação dos sintomas, que, muitas vezes, são bastante característicos. O resultado dos testes pode demorar e existe a possibilidade do falso negativo”, explicou Carine. De acordo com a médica ouvida pela coluna, e que representa o grupo, as doses e os medicamentos propostos variam com o histórico de cada paciente. Mas, na maioria dos casos, o tratamento dura de 2 a 14 dias.

 

Médica Carine Pettry representa o grupo com mais de 400 médicos que defende o tratamento precoce.

 

Segundo os médicos do grupo nominado Covid-19, estudos científicos publicados recentemente mostram resultados positivos sobre a eficácia dos medicamentos sugeridos no protocolo. Um deles, realizado por membros do Sistema de Saúde Henry Ford, em Detroit, nos Estados Unidos, demonstrou que pacientes infectados tratados com hidroxicloroquina apresentaram menor taxa de mortalidade.

A equipe americana analisou o quadro clínico de 2.547 pacientes, que foram divididos em dois grupos. De acordo com os estudos, a taxa de mortalidade entre as pessoas que receberam a droga foi de 13%, enquanto o índice chegou a 26% entre os que não foram medicados com o fármaco.

 

A ivermectina, medicamento contra infestações parasitárias, também está no protocolo. E, de acordo com os médicos do grupo, apresentou resultados positivos contra o novo coronavírus in vitro, ou seja, em testes laboratoriais. O objetivo dessa prescrição é a contenção da proliferação do vírus.

Também são citados procedimentos adotados em cidades brasileiras, como a paulista Porto Feliz, onde a prefeitura disponibilizou kits com hidroxicloroquina e azitromicina. Outro caso é o de Belém do Pará, em que uma rede de saúde particular implementou a distribuição de medicamentos como tratamento contra o coronavírus.

“Existe, hoje, uma grande divisão entre os médicos. Nós acreditamos na autonomia. Não há problema nenhum se alguns profissionais não se sentem confortáveis para prescrever certos medicamentos. Mas, ao mesmo tempo, há médicos que acreditam no tratamento. Os dois grupos precisam se respeitar. E todos devem garantir a autonomia do paciente, que tem o direito de saber das opções disponíveis e decidir por utilizá-las ou não”, frisa Carine.

O presidente do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF), Farid Buitrago, acompanhou a elaboração do documento entregue à Secretaria de Saúde. “O protocolo é baseado no tratamento off label, ou seja, que não está previsto na bula e que tem como base a observação de resultados positivos. Hoje, temos estudos que apontam para certos benefícios, mas nenhuma pesquisa sólida”, explicou.

“A posição do CRM é pela autonomia do médico para prescrever, em comum acordo com o paciente, as medicações que considera importantes para o tratamento”, assinalou. Buitrago orienta que os profissionais de saúde solicitem aos pacientes a assinatura de um termo de compromisso ao concordarem com a administração dos medicamentos.

A Secretaria de Saúde informou, por meio de nota, que, “até o momento, a hidroxicloroquina é prescrita apenas para pacientes de artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico e polidermomiosite”.

 

Fonte: Metrópoles

 

 

 

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