Corra!
O filme do diretor/ator americano Jordan Peele está dando o que falar. Fez sucesso em Sundance, festival badaladinho criado por Robert Redford para dar uma força aos cineastas iniciantes, e alguns desavisados o compararam com “Adivinhe quem vem para o jantar?”, um clássico de 1967 com Sidney Poitier, este sim um filme que fala sobre racismo em uma época que ninguém tocava no assunto.
“Corra!” até passeia sobre o assunto na primeira hora de filme e sugere que vai aprofundar a questão. Ledo engano.
O roteiro conta a história de Rose (Allison Willians) uma garota rica, branca e bonita que leva o namorado negro Chris (Daniel Kaluuya) para o fim de semana na casa de seus pais, aparentemente liberais e sem preconceitos.
A partir daí, levando em conta apreensão de Chris que está acostumado com gestos pouco delicados pelo fato de ser negro, atitudes estranhas dos empregados da casa e da própria família da garota começam a levantar questões que o deixam incomodado a ponto de querer ir embora dali.
O roteiro dá dicas do que vai acontecer o tempo todo e abusa de cenas clichês típicas de filmes de suspense.
Acontece que o desfecho para a agonia de Chris é tão inverossimel que estraga um filme que tinha tudo para dar certo e perdeu a oportunidade de aprofundar mais no assunto da questão racial, que acaba ficando em segundo plano quando as aberrações cometidas pela família e amigos de Rose é desvendada
Comparar “Corra!” com “Adivinhe quem vem para o jantar” é um erro. Os dois filmes só tem em comum o casal de namorados, mas o a abordagem de “Adivinhe…” é infinitamente mais inteligente e questionadora do que “Corra!” que acaba se tornando um filme que deveria ser classificado como uma grande bobagem que perdeu a chance de abrir a boca.
Uma pena.
A estréia está prevista para o dia 18/05.

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