“Extraordinário”

Em tempos de tanta intolerância explícita, “Extraordinário” é um filme que chega para conversar com todos. E toca no coração de quem acompanha a história de August Pullman, uma criança que, devido a problemas genéticos, nasceu com o rosto desfigurado e passou por mais de vinte e cinco cirurgias para reconstrução facial. E mesmo assim ainda chama atenção pela aparência fora dos padrões de beleza considerados normais.
Só que August tem sorte. Uma família amorosa, comprometida e que aposta na convivência social, ainda esta seja a parte mais difícil de todas. É quando ele é matriculado pela primeira vez na escola e terá que conviver com outras crianças da mesma idade. E todos sabemos como as crianças podem ser cruéis com a diferença, especialmente quando tem maus exemplos dentro de casa. Mas, por outro lado e não por acaso, a primeira amizade espontânea de August na escola é com uma menina negra, Summer, um recado sutil do diretor Stephen Chobsky , cujos trabalhos anteriores, “As Vantagens de ser invisível” e “ A Bela e a Fera”, também falam de como o diferente pode ser bacana e sedutor.
O fio condutor da história gira em torno de August, mas passeia por outras vertentes. Fala de bullyng, de relações adolescentes, de amizade e, principalmente, de empatia. O filme é um convite a repensar as relações pessoais e ir além das aparências e de como nos relacionamos com as diferenças, não só as visivelmente físicas, como o rosto deformado ou a cor da pele, mas as invisíveis, como as diferenças de gênero.
O ator infantil Jacob Tremblay dá um espetáculo na pele de August e emociona tantas vezes e em tantas cenas que até eu, acostumada as artimanhas de diretores e suas pegadinhas para emocionar, tirei o lencinho do bolso algumas vezes durante as duas horas de filme. A maquiagem o deixa irreconhecível, mas não se sustentaria se o pequeno Jacob, de 11 anos, não fosse o ator que é. Jacob já havia surpreendido em “O Quarto de Jack” e deve levar prêmios esta temporada por fazer de August um garoto extraordinário.
Julia Roberts e Owen Wlison são os pais do garoto e a brasileira Sonia Braga faz uma ponta simpática como a vovó recém falecida que vive na memória e no coração de Via (Izabela Vidovic), a irmã adolescente.
Não importa se o filme segue uma fórmula comum e até previsível em alguns momentos. A mensagem, e principalmente o trabalho brilhante de Jacob Tremblay, fazem de “Extraordinário” um filme que vai ficar no coração para sempre.
Baseado no romance homônimo de R.J.Palacio, a estreia está prevista para dia 7 de dezembro.

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