“O Formidável”

Jean Luc Godard está vivo e mora em Paris. Aos 87 anos, o diretor ainda é lembrado quando o assunto é a importância do cinema no século XX, especialmente quando falamos de Nouvelle Vague, quando diretores do cinema francês ganharam destaque mundial por seus trabalhos realistas e cheios de críticas à sociedade e suas perplexidades.  Chato para alguns, difícil para outros, vanguardista, provocador, talentoso e instigante. Esse é o cinema de Godard, nome comum nas rodinhas de gente apaixonada por cinema e metida a intelectual. Mesmo quando não se entende nada à primeira vista, Godard não pode faltar no vocabulário de um cinéfilo que se preze.

O diretor Michel Hazanavicius , do delicioso “O Artista”, trouxe para si a incumbência de contar a vida do diretor durante o final dos anos 60 quando Godard, engajado politicamente e já famoso por seu trabalho na Europa, já era considerado um artista formidável.

Louis Garrel, que eu gosto muito, está maravilhoso vivendo Jean Luc  dando  verdade e força às suas contradições . Mas o que eu gostei mesmo no filme , além é claro de Garrel e sua atuação minuciosa (incluindo uma dicção muito peculiar), foi da direção de Hazanavicius.  Criativa, divertida e, porque não, maliciosa quando atinge seus objetivos sem parecer pretensiosa demais.

Posso exemplificar alguns momentos interessantes :  o casal Godard (Garrel) e Anna (Stacy Martin) passeiam pelas ruas enquanto suas falas complementam os dizeres dos muros pichados.  O genial efeito “imagem de raio x” quando o diálogo  entre os dois  é mais intimista, a brincadeira da  critica à própria cena quando o casal nu conversa e discute a nudez desnecessária dos filmes e o café da manhã onde os subtextos fazem parte do diálogo não dito, porém aparecem como legenda, como em  “Annie Hall”, do diretor Woody Allen. Além, é claro, da quebra da quarta parede onde o personagem em alguns momentos olha para a câmera e se dirige ao espectador.

Hazanavicius apresenta Jean Luc Godard como uma figura forte, decidida e ,ao mesmo tempo, insegurança e carente. São as inquietudes do protagonista que justificam, ao final das contas, sua obra ser considerada peculiar e formidável.

Tomara que Godard veja o filme e goste dele.

Estréia prevista para o dia 26 de outubro.

 

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